Segundo Ubaldi a morte não é igual para
todos. Dessa forma, conforme o grau evolutivo que tivermos alcançado, teremos um poder de consciência
maior ou menor na vida espiritual. Nos seres menos evoluidos há uma obnubilação da consciência e nos mais
evoluídos não haverá perda da consciência.
No livro Problemas Atuais, no capítulo 8, intitulado O Livro Tibetano
dos Mortos,
Ubaldi descreve com clareza sobre a vida depois da morte. Reproduzo, abaixo, diversos tópicos desse
capítulo que lhe proporcionará uma visão mais abrangente desse tema, pois, dá maior ênfase a ação das
formas-pensamento que geramos durante na nossa vida de encarnados, do que a interferência de mentores
espirituais. São estas forças que nos arrastam para uma nova reencarnação independente de estarmos delas
conscientes ou não.
Recolhi também várias passagens de outros livros de Ubaldi sobre esse assunto de modo que você possa
fazer uma pesquisa mais profunda.
A existência depois da morte é apenas uma continuação da
vida, já não mais em condições físicas, mas em condições psicológicas, como conseqüência do fenômeno
psicológico que se iniciou na vida terrena. [....] A existência depois da morte é, pois, uma continuação
no plano psíquico da vida precedente no plano físico, até o momento em que se retoma um corpo, para
continuar o caminho da evolução. A natureza dessa existência de desencarnados é a conseqüência exata, em
alegria e dor, e em qualidades de representações mentais da existência material precedente, que por sua
vez é a conseqüência de todas as anteriores. E no mundo dos desencarnados a representação mental é tudo.
Falando psicologicamente, poderíamos chamar a isso um estado de sonho prolongado, cheio de visões
vivíssimas, decorrentes diretamente do conteúdo mental do indivíduo que as percebe. [....] Não esqueçamos
que o ser decaiu no relativo, e vive na grande Maya, ou ilusão, isto é, no irreal, quer esteja encarnado
ou desencarnado, dado que o real só pode alcançar-se no fim do caminho evolutivo, quando forem
reencontrados a perfeição e o absoluto. Esse estado de ilusão é proporcional ao grau de involução do
espírito, que corresponde ao grau de materialidade de sua existência, ou seja, inconsciência, ignorância,
profunda imersão no irreal. [....]Quanto mais for involuído o espírito, tanto mais adormecido está ele.
[....] Tudo funciona obedecendo a uma lei de harmonia. Assim como no estado embrional humano, o feto
passa por todas as formas de estrutura orgânica, desde a ameba até o homem, da mesma forma, no estado
posterior à morte deve a alma retomar, tanto mais conscientemente quanto mais for evoluída, todas as
experiências vividas em suas existências passadas, para a elas acrescentar os resultados da última. Na
terra a ciência vê apenas um lado da existência, a metade somente do fenômeno da vida. [....] A parte
psicológica, correspondente a esta memória pessoal, tem função preponderante naquele Livro Tibetano dos
Mortos, em relação à vida depois da morte. A vida do desencarnado, diz este livro, é totalmente produzida
pelo conteúdo mental do próprio indivíduo que a percebe. Assim um muçulmano verá o paraíso de Maomé, um
indiano verá seu nirvana, o cristão o seu céu de anjos e santos, o materialista, depois da morte, terá
somente visões negativas, vazias, tal como imaginava quando vivo. Essas visões mudam de acordo com a
erupção das formas-pensamento fixadas no indivíduo que agora as percebe. Isto até que sua força cármica
condutora se não haja exaurido por si mesma. Trata-se de formas-pensamento ou criações mentais que, no
estado de desencarnado, sem corpo material, adquirem, num ambiente imponderável, a consistência do real,
qual nos aparece em nosso mundo sensório, em vida. Essas formas-pensamento são constituídas de matéria
sutil, que representa a primeira fase na criação da matéria, a que diretamente deriva do pensamento, que
sobre ela tem poder genético e modelador. Assim, essas formas-pensamento derivam diretamente do
pensamento, isto é, dos pensamentos que cultivamos ou que nos dominaram em vida, ou seja, de nossa
atitude espiritual dominante e habitual, de que derivaram também as atividades mais repetidas, geradoras
por isso daqueles automatismos com que se fixam as tendências e instintos futuros. Assim, afirma o livro
citado, no estado de desencarnados vivemos no ambiente que nós mesmos formamos com os nossos pensamentos
durante a vida. Esgotado o impulso que nós mesmos lhe imprimimos, termina a representação ou projeção e o
estado de desencarnado. O espírito sente então atraído a dirigir-se para o mundo dos vivos, para nele
recomeçar suas experiências. [....] Essas formas-pensamento são inseparáveis da alma, representam sua
própria natureza, de modo que seguirão o indivíduo em qualquer lugar em que ele se encontre. São forcas
ativas, cujo movimento fatal não pode ser detido, e que tem que desenvolver-se deterministicamente até o
fim, de acordo com a lei cármica de causa e efeito.
No estado de desencarnado, o homem encontra-se no mundo dos efeitos, cujas causa foram semeadas na vida
por meio de pensamentos dominantes e de suas obras. Por isso, paraíso e inferno são estados mentais de
alegria ou de dor, criados por nós mesmos, existentes para cada um na forma por ele próprio gerada, e
inexistentes fora de sua mente. São estados ou condições completamente espirituais daquela alma que,
tendo perdido os meios sensórios para sentir, permanece sempre o centro de toda a capacidade sensitiva,
especialmente agora que está livre do corpo. (P. Ubaldi -
Problemas
Atuais - Cap 8 - O Livro Tibetano dos Mortos)
A morte não é igual para todos. É sim, no corpo, mas não no
espírito. Nos seres inferiores - inclusive no homem nos primeiros degraus - o centro perde a consciência
e apressa-se a reencontrá-la, arrastado pela corrente das forças da vida, em novos organismos. O grande
mar tem suas marés; ininterruptamente, impele, na onda do tempo, os princípios, no alternado ciclo de
vida e de morte, porque esse é o caminho para subir. A evolução é uma força premente. Está na natureza do
dinamismo daquele princípio animador, de aspirar sempre a novas expressões e realizações mais elevadas.
Essa perda temporária de consciência, nos seres inferiores, pode dar-lhes a sensação daquele fim que o
materialismo defende: sensação, não realidade. Mas nos homens mais evoluídos, que entraram na fase a propriamente dita, do espírito, a consciência não se extingue, mas lembra, observa, prevê, depois escolhe as provas com conhecimento. A consciência é conquista, é prêmio aos imensos esforços. No ambiente
imaterial, pode subsistir no homem tudo o que nele é imaterial: aquela parte que foi pensamento elevado,
sentimento tão preso às formas. Tudo o que é baixo é trevas; no alto estão a luz e a liberdade. Mas, por
meio de sua luta diuturna para refinar a matéria, de maneira que possa expressar cada vez mais
transparentemente o espírito, a evolução vos eleva cada vez mais acima daquela morte que mais vos
espanta, a treva da consciência, e a transforma numa passagem, na qual a personalidade cada vez menos se
abala, até reduzi-la a uma mudança de forma em que o "eu" permanece desperto e tranquilo. (P. Ubaldi - A
Grande
Síntese - Cap 74)
Assim, a morte não é igual para todos.
A noite não é trevas para os noctívagos. A morte só é morte para os tipos involuídos, animais e
vegetativos, isto é, em ondas longas; para os tipos evoluídos, espirituais ou, seja, em ondas curtas, a
morte significa vida. Todos nós somos relativos, limitados e estamos fechados numa das metades da vida.
Mas sempre a experiência oposta, a outra metade, está pronta a compensar-nos e completar-nos. Tudo pode
transformar-se. A vida em ondas curtas representa a morte da vida em ondas longas, mas constitui a vida
dos tipos em ondas curtas. A vida deles não reside na terra, e sim no além, no reino da noite, enquanto
que para os tipos em ondas longas ela está no mundo, no reinado do dia. Há, pois, temperamentos adequados
a viver na vida e temperamentos adequados a viver na morte. (P. Ubaldi - A Nova Civilização do Terceiro
Milênio)
Assim, a morte não é igual para todos, e pode parecer para o
involuído um fim doloroso, e ao evoluído uma alegre libertação. A proporção, pois, que o ser evolve,
liberta-se ele da morte, isto é, da conseqüência da queda, transformando em alegria o sistema emborcado
em dor.(P. Ubaldi - Problemas Atuais)
A morte não é igual para todos. Igual pode ser somente o
processo de decomposição orgânica. Diante, porém, da sobrevivência, somente um subconsciente desenvolvido
não perde a consciência, isto é, não se anula como sensação no após-morte. Muitos dos homens atuais,
demasiado próximos da besta perdem, realmente, na morte, a sua subconsciência. Outros morrem sem perder a
limpidez e a potência de vida, porque nem todos sobrevivem igualmente. (P. Ubaldi - Fragmentos de
Pensamento e Paixão)
.... a morte não é igual para todos, pois nem todos
sobrevivem
igualmente à morte física, mas com diferente poder de consciência, de acordo com o grau de